O Banco Social Indígena Dabucuri, criado através de projeto de extensão coordenado pelo professor Márcio Rogério Silva, em parceria com o CCI, recebeu doações para seu lastro inicial no valor aproximado de R$ 9.000,00 reais.
Havia um edital de fomento em São Miguel Arcanjo pela Lei Aldir Blanc, tanto para eventos quanto para produção audiovisual. Os indígenas da aldeia Tekoa Nhanderu Porã desejava participar, mas haviam dois entraves: o CNPJ da Associação tinha pendências e o MEI de um dos indígenas também. No caso do MEI, havia um pendência de pagamentos de taxas atrasadas, que não foram possíveis de serem pagas diante da vulnerabilidade econômica da comunidade.
Propusemos então um empréstimo do fundo rotativo, bem como o NESEFI se dispôs a elaborar a proposta do edital e organizar a documentação, bem como submeter a proposta com base na escuta. A comunidade aceitou e foram elaborados dois editais: um para evento cultural e outro para elaboração de site, e-commerce e edição de vídeos e fotos para a aldeia.
Uma primeira dificuldade foi que o projeto tinha sido barrado por justificarem a fala do currículo do indígena, recorremos mostrando inconsistência no edital e foi validado.
Para nossa surpresa, ao edital ser aprovado, era necessário que houvesse capital de giro para realização do evento, pois este seria pago apenas depois se ser realizado. Então novamente o banco social foi acionado, pagando os transportes, insumos para a culinária indígena, pintura corporal, compra de mudas.
O edital do evento previa R$ 12.000,00 de pagamento, o evento foi realizado e descontado os recursos de devolução ao fundo rotativo, o evento deu um lucro de cerca de R$ 8.500,00 divididos entre 7 indígenas que fizeram o trabalho.
No caso do site, e-commerce, edição de fotos e vídeos, no valor de cerca de R$ 5.600,00, o valor foi integralmente doado para o banco social, de maneira a aumentar a capacidade de financiamento das atividades.
Esse é um excelente exemplo de como um financiamento de cerca de R$ 600 reais iniciais para regularização da MEI, apoio na elaboração de edital e executação gerou uma receita de cerca de R$ 17.000,00, com muito aprendizado, trabalho voluntário e solidaridade de estudantes e professores da UFSCAR Campus Lagoa do Sino.
Ao mesmo tempo nos fez entender o tamanho da burocracia e dificuldade para que comunidades tenham acesso à esses editais, que favorecem os brancos e quem já está no jogo.
Isso enseja novas tecnologias sociais em gestão que diminuam essa distância mas também nos enche de esperança ao ver crianças, gestores e coordenadores de escolas conhecendo mais de perto a cultura indígena e cogitando atividades pedagógicas com a aldeia. Contamos também com um grande apoio da Secretaria de Cultura de São Miguel Arcanjo em todo o processo, a quem prestamos um grande agradecimento para o secretário Aelson e equipe.